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O que é Neuralink

Neuralink é uma empresa de tecnologia de inteligência artificial fundada por Elon Musk, que tem como principal objetivo desenvolver um implante cérebro-máquina. Esse dispositivo, uma vez que esteja plenamente funcional, permitirá que as pessoas se comuniquem diretamente com computadores e dispositivos eletrônicos, usando apenas seus pensamentos. Se esse objetivo realmente for conquistado, abrirá as portas para aplicações em campos como a medicina, a comunicação e a automação industrial.
A Neuralink também está pesquisando a possibilidade de usar implantes cerebrais para melhorar a inteligência humana e aumentar a capacidade cognitiva. Recentemente foram realizados testes bem sucedidos em um macaco, onde foi possível ter algum controle de um software específico por meio dos pensamentos do animal. Ainda há muito trabalho a ser feito antes que essa tecnologia esteja disponível para uso amplo, mas os avanços obtidos até o momento são considerados uma verdadeira revolução nas áreas de inteligência artificial e neurociência.
Como é feito o implante do Neuralink?
O implante do Neuralink é feito por meio de um dispositivo neurotecnológico que é colocado cirurgicamente em contato com o cérebro, para permitir a comunicação deste com um dispositivo externo.
A cirurgia para implante do dispositivo é realizada por neurocirurgiões e pode ser necessário aplicar anestesia geral (isso é decidido pela equipe médica). Primeiramente é feita uma incisão no couro cabeludo para expor o crânio. Em seguida, uma abertura é feita utilizando um drill. Por meio dessa abertura será feita a inserção do dispositivo.
O dispositivo Neuralink é composto por uma série de eletrodos ultrafinos que são inseridos no cérebro para captar as ondas elétricas que são geradas durante a atividade cerebral. Esses eletrodos são conectados a um "link", que é colocado fora do crânio e é responsável por transmitir as informações captadas diretamente para um dispositivo externo.
Depois que o sensor é implantado, é necessário um período de recuperação para assegurar que tudo esteja funcionando corretamente e para que o corpo do paciente possa se adaptar à essa tecnologia invasiva. A equipe médica irá monitorar o paciente de perto para garantir que não haja nenhum tipo de rejeição ou infecção. Também há outros especialistas que fazem o acompanhamento inicial, realizando ajustes que sejam necessários.
Quais são os riscos do Neuralink?
Como toda nova tecnologia disruptiva, há riscos a serem considerados, alguns deles já esperados e outros que só serão percebidos no futuro, conforme mais e mais pessoas comecem a utilizar o Neuralink. Alguns dos riscos possíveis são:
1 - Riscos cirúrgicos: Como o dispositivo é implantado cirurgicamente no cérebro, há o risco de complicações durante e após o procedimento. Isso inclui infecção, hemorragia e danos ao tecido cerebral;
2 - Efeitos colaterais: O uso do dispositivo poderia causar efeitos colaterais, como dores de cabeça, tonturas e alterações nas sensações. Essa é uma suposição preliminar porque, na verdade, efeitos colaterais só poderão ser adequadamente listados quando for realizado um maior número de implantes;
3 - Problemas de segurança: Existe, em tese, o risco de violação de privacidade e segurança, já que as informações cerebrais poderiam ser interceptadas e interpretadas por terceiros. É uma espécie de “ataque hacker ao cérebro”. Essa ameaça não pode ser desconsiderada, já que mesmo sistemas altamente seguros podem ter alguma vulnerabilidade que possa ser explorada por agentes mal intencionados. Há ainda o risco de que governos ditatoriais usem essa tecnologia, ou alguma outra similar, para exercer um controle mais rígido sobre o cidadão. Pode parecer coisa de filme de ficção, mas a questão é que o risco existe;
4 - Problemas éticos: Existe a preocupação de que a tecnologia possa ser usada para controlar as ações das pessoas ou para melhorar as habilidades dos indivíduos de forma desonesta. Este é um ponto importante e certamente será um fator de desequilíbrio no futuro, caso a tecnologia tenha o sucesso esperado por seus criadores.
Por essa razão, será necessário criar normas e procedimentos para qualificar adequadamente as pessoas que estejam fazendo o uso de implantes daquelas que não os tem;
5 - Incerteza: O que pensar sobre uma tecnologia da qual não se sabe nada ainda? Quem poderia apontar com precisão as ameaças da Internet por volta do ano 2000? O Neuralink é algo inteiramente novo e somente com o tempo será possível saber quais serão suas consequências na sociedade.
Como seria a interação entre um dispositivo Neuralink e uma Inteligência Artificial?
A interação entre um dispositivo Neuralink e uma inteligência artificial (IA) poderia permitir uma comunicação direta entre o cérebro humano e a IA, possibilitando ao usuário controlar dispositivos eletrônicos ou interagir com interfaces digitais com simples pensamentos.
Por exemplo, imagine que uma pessoa com um dispositivo Neuralink implantado queira controlar sua casa inteligente. Ele poderia simplesmente pensar em "ligar as luzes" e a Inteligência Artificial interpretaria essa intenção e acionaria as luzes. Ele poderia também pensar em “ligar a TV e buscar minha série favorita” e isso seria feito de forma automatizada.
Além disso, a Inteligência Artificial também poderia usar as informações cerebrais coletadas para se ajustar ao estilo do usuário. Por exemplo, se a IA detectasse que o usuário está cansado, ela poderia diminuir a iluminação e aumentar o volume da música para ajudá-lo a relaxar, caso o histórico de interações indicasse que essas são suas preferências.
A comunicação entre o dispositivo Neuralink e a IA também poderia ser bidirecional, permitindo que a IA forneça feedback ao cérebro humano, como por exemplo, através de estímulos elétricos para ajudar no tratamento de doenças neurodegenerativas. Mas seria um passo mais complexo para essa tecnologia e provavelmente não será o foco da empresa nesse primeiro momento.
Existem outros projetos semelhantes ao Neuralink?
Não é apenas a Neuralink que está desenvolvendo uma interface cerebral. Outras empresas buscam construir algo semelhante, apesar de que cada uma delas busca atuar em um nicho em particular. Algumas dessas empresas são:
BrainGate: Este projeto, liderado pela Brown University e pelo Massachusetts General Hospital, está desenvolvendo um implante neurotecnológico semelhante ao Neuralink para permitir que pessoas com lesões na medula espinhal controlem dispositivos externos com suas mentes. Isso é quase o equivalente a oferecer uma cura para paralisia, por exemplo. Há grande expectativa em torno do sucesso dessa empreitada, porque milhares de pessoas ao redor do mundo poderiam ter uma melhor qualidade de vida usando essa tecnologia;
Kernel: Essa empresa está trabalhando em um implante neurotecnológico para melhorar as funções cognitivas, como memória e atenção. Este já é um projeto que está mais focado em uma interação cérebro-máquina de duas vias. É um desafio ousado e certamente vai consumir muitos recursos para que a pesquisa possa ser concluída;
BlackRock: É uma empresa de neurotecnologia que está desenvolvendo uma plataforma para o tratamento de doenças neurodegenerativas como o Mal de Parkinson, entre outras. Assim como a Kernel, muitos recursos serão necessários para fomentar essa pesquisa, porque a complexidade pode ser maior do que aquela que está sendo enfrentada pela Neuralink, nessa primeira etapa. De qualquer modo, toda pesquisa produz dados e conhecimentos que podem ser usados em projetos paralelos, aumentando a compreensão humana sobre aquilo que está sendo estudado;
Paradromics: Esse projeto guarda similaridade com os demais, pois busca desenvolver um implante que contribua com a melhoria de qualidade de vida das pessoas que tenham problemas neurodegenerativos ou lesões na coluna espinhal.
A grande questão é: qual dessas empresas produzirá resultados concretos primeiro? Há fatores que influenciam isso, como investimento financeiro disponível, capacidade técnica dos cientistas que trabalham na pesquisa, qualidade da coordenação do projeto e, certamente, um pouco de sorte, porque ao longo da história muitas coisas foram descobertas por acaso.
Fontes:
https://blackrockneurotech.com