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Inteligênia artifical versus Inteligência coletiva

Atualizado: 11 de dez. de 2022



Inteligência artificial é uma tecnologia, enquanto que Inteligência Coletiva é uma técnica. A questão que quando as duas são utilizadas em conjunto, é possível obter um resultado poderoso.


Muitos de nós já ouvimos falar bastante sobre Inteligência Artificial. Em geral, são algoritmos construídos com o propósito de antever comportamentos ou fornecer respostas a determinadas perguntas. Sem dúvida alguma são criações muito interessantes e desafiadoras sobre o ponto de vista de quem cria esses códigos, muito embora ainda estejam longe de serem realmente capazes de pensar de forma independente, como um ser humano.

Há muitos modelos de IA (Inteligência Artificial) operando em produtos e serviços disponíveis para o público, como é o caso da Alexa da Amazon e Cortana da Microsoft. Google e Apple também tem suas versões, sendo disponibilizadas ao público por meio de seus produtos e serviços.

Há ainda muitas outras versões que podem ser encontradas na internet, algumas pagas e outras gratuitas (bem simplificadas, é claro). Na linguagem de programação Python é possível encontrar algumas ferramentas para a criação de uma IA, como a biblioteca Scikit Learn, por exemplo.

Mas apesar de tudo isso e considerando a utilidade inegável dessa tecnologia, há pessoas que consideram mais útil o investimento em ferramentas de inteligência coletiva.

Esse método consiste em criar algoritmos especiais que são conectados em sistemas de Big Data que, por sua vez, coletam e tratam as perguntas e respostas fornecidas por pessoas engajadas.

É uma espécie de "consulta à sabedoria popular". Seria possível, por exemplo, perguntar qual seria o resultado de uma eleição para governador e obter uma resposta que seja condizente com o resultado final. Claro que isso depende de uma amostragem suficientemente grande e uma filtragem adequada dos dados para remover conteúdo que esteja fora do contexto.

Este é um método que pode ser útil para obter prognósticos relativamente precisos sobre uma série de assuntos, mas existem alguns problemas que ainda precisam ser resolvidos.

Um desses problemas é exatamente como obter os dados para alimentar o sistema. Isso não é tão fácil como possa parecer, porque nem sempre as pessoas estarão dispostas a ficar respondendo perguntas, geralmente sem ganhar nada em troca.

Há aplicativos que tentam resolver isso premiando os participantes através do sorteio de prêmios. Isso pode funcionar por algum tempo, mas logo as pessoas desistem de participar porque não querem ficar respondendo perguntas sem ganhar nada (afinal é um sorteio, somente uma ou mais pessoas ganharão o prêmio).

Outra solução é a encontrada em sistemas de oráculos descentralizados, como a ChainLink por exemplo. Essa empresa remunera as pessoas por meio do seu token (Link) toda vez que elas contribuem com informações precisas sobre determinados assuntos. Há também uma punição, com perda de tokens, para agentes mal intencionados que prestem informações incorretas. É uma solução interessante, mas somente com o tempo será possível ter certeza de que realmente funciona no longo prazo.

Algo que pode ser considerado um verdadeiro oráculo é a ferramenta de busca do Google, porque as pessoas fazem buscas, fornecem respostas e ainda fazem tudo isso enquanto estão logadas e fornecendo dados de sua localização. Isso permite à empresa ter uma visão geral sobre o que acontece de relevante nas mais diversas partes do mundo, gerando informação em um sistema que é, em sua essência, uma inteligência coletiva gerida por uma inteligência artificial.

O mais provável é que esses dois tipos de inteligência caminhem juntos por muito tempo, até um dia em que os sistemas de inteligência artificial sejam realmente capazes de replicar a capacidade humana de pensar, algo que, como dissemos no início deste artigo, não foi alcançado (pelo menos ainda não divulgado).

A questão aqui é: quando isso acontecer, será algo bom ou ruim para a humanidade? Ter um computador tomando decisões será uma vantagem para a humanidade ou um risco?

Ainda não há resposta para isso, mas existem pessoas temerosas sobre essa possibilidade. Mas assim como há muitas pessoas trabalhando para desenvolver IA, há também pessoas trabalhando para prever os riscos e criar mecanismos para mitigá-los.


Eleições - Um sistema de inteligência coletiva influenciada

Os processos eleitorais que são usados para a escolha de governantes podem ser considerados como uma aplicação da Inteligência Coletiva, mas há um detalhe importante aqui: são tendenciosos e guiados por técnicas de marketing.

A questão é que, em essência, a finalidade de um sistema de Inteligência Coletiva é fazer a melhor escolha ou fornecer a melhor resposta. Mas nesse caso específico de seleção de governantes, há elementos poderosos que irão influenciar o processo. Um deles é o interesse particular das pessoas que participaram votando. Em geral, elas não estão buscando soluções para problemas da sociedade, mas sim a solução para seus próprios problemas. Isso significa que alguém poderá escolher um candidato porque se identifica com suas opiniões ou porque ele fez uma promessa ( que poderá ou não ser cumprida) que encontra correspondência nas necessidades do indivíduo. Além disso, todo esse processo é conduzido de perto por profissionais de marketing altamente especializados. Esses profissionais têm amplo conhecimento sobre o comportamento humano e, por essa razão, são capazes de montar uma campanha com elementos que favoreçam seu candidato, especialmente se for uma pessoa flexível o suficiente para modificar seu comportamento e suas opiniões em favor da estratégia que foi criada.

Isso significa que, neste caso, a Inteligência Artificial será mais indicada do que a Inteligência Coletiva. É possível que a resposta seja sim, do ponto de vista estritamente técnico, mas não do ponto de vista das pessoas.

A inteligência artificial poderia usar critérios objetivos para escolher o melhor candidato, que talvez nem mesmo fosse um daqueles que estão disputando a eleição. O sistema de IA é criado para ser objetivo, buscando combinar as necessidades do cargo e desafios previstos com as características dos candidatos. Ao terminar a análise a IA poderia simplesmente dizer que nenhum deles é adequado à função. Isso certamente inflamaria algumas paixões, mas nem por isso deixaria de ser verdade. A maior parte das pessoas que chegam aos cargos mais elevados do governo o fazem por conta de suas habilidades políticas e relacionamentos desenvolvidos ao longo da carreira. Critérios técnicos raramente são levados em consideração, até mesmo porque o usual é contar com algumas dezenas de assessores, cada um especializado em uma área.


O que se conclui de tudo isso? Embora a Inteligência Coletiva possa fazer uma escolha que não necessariamente seja a melhor, a Inteligência Artificial consideraria somente aspectos técnicos, e isso não é a melhor escolha em ambiente em que as pessoas investidas nos cargos tem um comportamento mais político do que técnico. Se a IA for aprimorada ao ponto de compreender essas nuances e as considerar em sua análise, é possível que o resultado entre as duas inteligências seja mais próximo.


Isso ilustra muito bem o que vemos em filmes sobre esse tema. Os robôs e assistentes automatizados que são baseados em IA tendem a tomar decisões totalmente baseada na lógica, desconsiderando elementos como afeto e perdão, por exemplo. Essas características humanas não podem ser transferidas para uma máquina, muito embora seja possível tentar replicá-las de uma forma artificial por meio de algoritmos. Mesmo assim, é difícil afirmar que a máquina seria capaz de tomar decisões mais acertadas só porque agora ela tem um “coração”. A questão é que Inteligência Artificial é muitas vezes vista como a solução para tudo, e na verdade não é. Esses sistemas deveriam ser todos desenvolvidos como assistente do ser humano, fornecendo informações, análises e sugestões para que uma pessoa possa tomar a decisão.


Mas e quando a pessoa não for capaz de tomar a decisão. Neste caso, o próprio sistema deve contar com rotinas de emergência que possam, por exemplo, tomar uma ação paliativa enquanto convocam um conselho para a tomada de decisão.


Jogos são capazes de capturar a tendência da Inteligência Coletiva?

Alguns desenvolvedores acreditam que jogos são capazes de captar a inteligência coletiva, especialmente quando são colocadas duas ou mais alternativas para as pessoas. Em geral, a maioria fará a escolha certa segundo os critérios do jogo, e isso seria a prova de que a inteligência coletiva funciona. Mas existe um porém: amostragem, tipo de personalidade, elementos tendenciosos e distorção da realidade.


Sobre a amostragem, a questão é muito clara: a quantidade de pessoas que acessou o jogo é suficiente para representar toda a população ou o grupo populacional que está sendo estudado? A estatística tende a funcionar na maior parte das vezes, mas em algumas situações pode ocorrer uma distorção que não seja passível de ser prevista matematicamente. As percepções humanas são difíceis de serem avaliadas, e os sentimentos permeiam tudo.


Quanto ao tipo de personalidade, é possível que os construtores do jogo tenham planejado isso antecipadamente, buscando atrair exatamente o perfil desejado para o jogo. Mas isso realmente vai acontecer? As pessoas que irão interagir com a plataforma são aquelas previstas inicialmente? Novamente não há certeza aqui. As pessoas apresentam nuances em sua personalidade, não há como planilhar tudo. Além disso, existe a curiosidade humana que levará outras pessoas a quererem experimentar o jogo e mais outras pessoas que serão convidadas por amigos. No fim de tudo isso, a amostra de pessoas poderão ser tão mesclada que o propósito inicial acabará por não ser atingido. É possível criar um login com um questionário para direcionar apenas as pessoas com perfil desejado? Sim, mas isso vai diminuir a amostragem e poderá levar o projeto a fracassar.


Para finalizar, existem os elementos tendenciosos e a distorção da realidade. O primeiro se refere ao fato de que pessoas possam acessar a plataforma justamente para causar um determinado efeito, contrário ao que os construtores pretendiam. Isso é muito comum na verdade. Pessoas estão sempre tentando burlar o sistema e encontrar brechas, seja porque consideram isso divertido ou porque é uma atividade desafiadora, especialmente para os mais jovens. Mas esse comportamento certamente causará uma divergência entre o resultado esperado e aquele que foi obtido. O mesmo acontece com a distorção da realidade, que é o efeito causado pela tendência do ser humano de escapar da realidade para realizar experimentações. Algumas pessoas escolheriam ir para a esquerda na vida real, mas no jogo optam por ir para a direita porque querem fazer algo diferente das suas rotinas. Esse comportamento pode ser previsto no algoritmo, mas ainda assim podem ocorrer variações que provoquem um impacto significativo no resultado esperado.


Neste exemplo a IA poderia atuar de forma acessória, fazendo automaticamente a checagem dos resultados e descartando aquilo que seja considerado como fora dos padrões. Claro que um trabalho com Big Data e Análise de Dados também permitiria obter um bom resultado, mas a vantagem da Inteligência Artificial é fazer isso enquanto os dados estão sendo obtidos, resultando em uma saída de informação muito mais simples de ser filtrada e organizada.


É importante ressaltar que esses problemas não desqualificam um projeto que faça o uso de games para o estudo de comportamentos humanos e Inteligência Coletiva, mas certamente que o algoritmo, para ser mais preciso, terá que ser aperfeiçoado para compensar esses e outros fatores.


Conclusão

Inteligência Artificial e Inteligência Coletiva são duas tecnologias que precisam continuar sua evolução paralelamente. Não há como afirmar que uma substitua a outra. Acreditamos ser mais provável que esses dois métodos coexistam e sejam usados separadamente ou em conjunto, dependendo da aplicação.


Este artigo é um estudo sobre os temas de Inteligência Artificial e Inteligência Coletiva. Ele reflete nossa opinião apenas. Há outros pontos de vista, alguns poderão ser coerentes com o nosso e outros divergentes, e essa é a beleza da mente humana. A discussão transparente e respeitosa sobre um determinado tema permite que mais conhecimento seja construído, o que contribui para o aprimoramento das tecnologias.




Este artigo não é patrocinado por nenhuma empresa, nem mesmo aquelas que são mencionadas no texto.


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